Ciúme: sinal de alerta ou doença?
Mais cedo ou mais tarde, por mais confiantes que sejamos, surge uma pulguinha atrás da orelha a respeito do nosso relacionamento amoroso. Por mais que nos sintamos amados e queridos por nosso parceiro, algumas situações do dia a dia podem gerar indagações desagradáveis.
Obviamente, o tema ciúme é muito amplo e profundo. Ele não se refere apenas a casais de namorados e cônjuges. Podemos sentir ciúme dos pais em relação aos irmãos; amigos em relação a outros amigos menos importantes para nós; sogras podem sentir ciúme das noras e vice-versa; sogros de genros e vice-versa; alguns professores mais chegados aos alunos podem sentir ciúme dos mesmos em relação a outros professores. Sentimos ciúme até de objetos pessoais, como coleções de livros, filmes, selos etc.
O ciúme, como quase tudo na vida, tem o seu lado A e seu lado B. Como assim? Dependendo da situação o ciúme pode ser benéfico e representar um sinal de alerta para um possível perigo. Tem a ver com instinto, intuição.
O lado B, o menos bonitinho, pode sinalizar um excessivo desejo de controle; uma possessividade nociva que faz mal a quem o sente e também ao objeto do desejo da pessoa ciumenta.
O lado B, o menos bonitinho, pode sinalizar um excessivo desejo de controle; uma possessividade nociva que faz mal a quem o sente e também ao objeto do desejo da pessoa ciumenta.
Dizem que o ciúme é o tempero do amor. Me parece válido. Mas como todo tempero, deve vir na medida certa. Falta total de ciúme é chato. Excesso cria muitos problemas. Mas vale ressaltar que ciúme nem sempre é um sinal de amor e a falta dele representa indiferença ao parceiro. Em alguns casos o ciúme denota desejo de posse simplesmente. Em outros casos a falta total de ciúme pode representar uma natureza mais desapegada. Devemos sempre analisar caso a caso para evitar interpretações injustas.
Neste artigo vou me centrar no ciúme em relação a parceiros amorosos. Normalmente o ciúme surge por três motivos.
1. Falta de confiança no parceiro;
2. Falta de confiança em nós mesmos;
3. Falta de confiança na relação
2. Falta de confiança em nós mesmos;
3. Falta de confiança na relação
Sobre a falta de confiança no parceiro: Quando alguém conhece o histórico do parceiro/parceira e nele consta dados pouco confiáveis como muitos casos de traição, por exemplo. Quando o parceiro/parceira é muito atraente e/ou tem uma personalidade muito magnética. Quando você já foi traído/traída pelo parceira/parceiro.
Sobre a falta de confiança em nós mesmos: Pessoas que se sentem pouco confiantes; pessoas que já passaram por muitas histórias infelizes de amor; pessoas que presenciaram histórias de traição na família e entre amigos íntimos.
Sobre a falta de confiança na relação: Quando o parceiro/parceira nos parece mais distante emocionalmente; quando detectamos muitas incompatibilidades entre nós e o parceiro/parceira; quando namoramos à distância.
Enfim, estes são os motivos gerais. Mas vamos a situações mais específicas do dia a dia ? Quando o ciúme deixa de ser natural e até positivo para se tornar uma doença?
1. Algumas pessoas são tão possessivas que chegam a sentir ciúme da família do parceiro/parceira. Algumas pessoas se incomodam seriamente com o fato do parceiro/parceira ser ligado à família; dar atenção aos pais e irmãos; querer passar algum tempo com eles. Algumas mulheres podem sentir ciúme quando o parceiro faz um elogio à irmã dele. Em tese , a irmã do parceiro não é uma possível concorrente, a não ser que a pessoa em questão esteja vivendo no universo dos filmes do Bertolucci e do Louis Malle. Alguns filmes como “Perdas e danos” e “O sopro do coração”, de Louis Malle e “La luna” e “Os sonhadores” de Bertolucci mostram amores eróticos entre irmãos e mães e filhos.
2. Algumas pessoas não permitem que o parceiro/parceira tenha amigos e vida social. Um chope com os amigos depois do trabalho, de vez em quando, vira motivo para uma guerra. Um passeio com as amigas pode gerar dúvidas homéricas.
3. Algumas pessoas não conseguem diferenciar entre um amigo de infância e um possível rival. Como assim? É natural homens terem amigas e mulheres terem amigos. Algumas relações são amizade pura mesmo. Outras, nem tanto. Para uma pessoa excessivamente ciumenta, toda mulher que se aproxima de seu parceiro é um perigo mortal. O mesmo vale para homens que regulam todas as relações da parceira.
4. Algumas pessoas sentem ciúme do passado e das lembranças do parceiro/parceira; de coisas que aconteceram antes de se conhecerem e se envolverem. Isso não quer dizer, que devemos aceitar numa boa que o nosso parceira/parceira viva se falando e se encontrando com um ex. Se os encontros persistem, a relação não é exatamente passado. Quando falo passado, falo passado mesmo. Finito. The end.
Agora, vamos aos casos em que o ciúme pode ser um sinal de alerta?
Ser paranoico e ver fantasmas em todos os lugares não é legal. Por outro lado, ser desencanado demais também pode ser perigoso. Algumas situações podem mostrar realmente que algo de errado está acontecendo ou prestes a acontecer.
Nem sempre o ciúme é sinal de insegurança. Muitas vezes detectamos um perigo real e o ciúme nos ajuda a cortar o mal pela raiz.
1. Querer se relacionar com outras pessoas além do parceiro/parceira é natural e saudável. Porém, quando um casal não consegue ficar sozinho nunca, pode ser um sinal de que algo não anda bem. Como assim? De vez em quando sair com casais de amigos pode ser muito benéfico. Mas, quando um dos parceiros sempre deseja sair em grupo, evitando ao máximo programas a dois, pode indicar que a companhia do parceiro/parceira pouco lhe satisfaz. É preciso sempre ter alguém junto.
2. Pessoas que depreciam o parceiro/parceira mas, vivem elogiando pessoas amigas. Ex: a mulher nunca elogia as conquistas profissionais do marido mas, vive fazendo comentários positivos a respeito da competência de um amigo do casal. Um homem faz brincadeiras a respeito da aparência da mulher mas, faz constantes elogios ao visual de uma amiga do casal. O inverso também pode acontecer. Uma mulher deprecia o físico do seu marido e elogia o corpo de outro homem; ou um homem reconhece o potencial intelectual de outra mulher e nunca elogia o potencial da sua parceira. Enfim, os outros homens e as outras mulheres sempre fazem as coisas de um jeito melhor que o parceiro/parceira.
3. Pessoas que se tornam excessivamente melosas quando encontram outros homens ou outras mulheres. Ser gentil e educado é uma coisa. Ser meloso/melosa é outra completamente diferente. Fazer um elogio, dar um sorriso, um abraço são sinais de cortesia e calor humano. Agora, priorizar a presença do outro homem ou da outra mulher, deixando o parceiro/parceira em segundo plano é umas piores grosserias que uma pessoa pode cometer. Nem todo mundo faz por mal, mas pega mal do mesmo jeito…sem querer fazer um trocadilho …
4. Sair com os amigos/amigas é justo, natural e saudável. O problema é quando a pessoa ocupa todo ou quase todo seu tempo livre com amigos, deixando o parceiro de lado.
5. Criar relações de amizade muito estreitas com uma amiga da parceira ou com um amigo do parceiro. Amigos de parceiros devem ser tratados como nossos amigos. Todos se reúnem em um restaurante e uma mulher pode sim conversar com o amigo do parceiro ou o homem pode conversar com a amiga da parceira. Até aí tudo bem. O problema é quando o parceiro/parceira começa a trocar e-mails, mensagens inbox com a amiga ou amigo da parceira/parceiro. Mandar uma mensagem inbox para tirar uma informação é uma coisa. Escrever um e-mail de 6 em 6 meses é uma coisa. O problema é quando se inicia uma comunicação regular, em que as pessoas compartilham sentimentos íntimos, experiências bem pessoais e às vezes até criticam o parceiro/parceira para o amigo ou amiga, usando-o como confidente.
Em minha opinião, este tipo regular de comunicação configura-se como uma modalidade light de traição ou uma pré traição. Muita gente acha que trair é ir para cama com outra pessoa. Para outros mais sensíveis, um beijo na boca basta. Para os mais liberais sexo não é traição. O problema é apaixonar-se e envolver-se afetivamente com outra pessoa. Para os ultra sensíveis, a simples criação de intimidade com um amigo do parceiro pode significar uma brecha na relação; uma maneira sutil de dizer “Não estou tão comprometido/comprometida assim”.
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